domingo, 3 de abril de 2011

Três, “trêis” ou “treix”?

Estava assistindo à novela das oito um dia desses. Em uma cena qualquer, o playboyzinho carioca está conversando com uma garota que segundo o enredo nasceu em Porto Alegre.

Ela não tem sotaque algum de gaúcha. Tudo bem, para fingir mal, melhor não fazer. O sotaque do Rio Grande é marcante, entrega na hora de onde a pessoa vem. O problema é que a atriz que deveria interpretar uma gaúcha tem sotaque carioca.

Mas a situação fica ainda pior...

O garoto com aquele sotaque bem forte do Rio, com “erres” marcantes e “esses” chiados solta no diálogo algo do tipo: Acho que aqui no Rio não temos sotaque porque há muita gente de todas as partes do mundo aqui.

O quê? Quem mora no Rio não tem sotaque?!? Por favor...

Todo mundo tem sotaque. Não há como não ter.

E se você mora em Brasília e pensou neste instante que a gente não fala diferente, pode parar e pensar duas vezes.

Como você fala o algarismo 3?

Falamos “trêis”, assim como falamos “arroiz”.

Adoro sotaque. Ele revela sobre a vida de quem fala antes mesmo de a pessoa dizer algo sobre si. No caso da novela, revela até a ignorância de quem não consegue perceber a diversidade do lugar onde vive.

2 comentários:

  1. Também curto sotaques, Mattos preferida. Por aqui, alguns infelizmente só fazem a língua virar um buraco-negro, ininteligível. Mas tudo bem, a gente tenta entender! ;-) Sobre as novelas, o que me incomoda é esse riocentrismo fundado na beleza sarada de astros e estrelas. Por que a nordestina tem que ser interpretada pela Flávia Alessandra? Por que a gaúcha tem que ser interpretada pela carioca? Por que a cadeirante é a atriz mais gostosa e Jolie da TV brasileira?! Eu costumava achar telenovela um produto cultural bacana, que me entretinha bastante, mas esse excesso de estereótipos riocêntrico já está ultrapassado. Imagina: "Aqui no Rio não temos sotaque porque tem pessoaiXXX de todaiXXX parteiXXX do mundo". O autor exagerou...

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  2. O pior desse Riocentrismo é que o nosso país é tão rico. Tantos sotaques bonitos, tantas histórias boas, mas na hora de interpretar uma índia colocam a carioca Cleo Pires mandando ver no chiado carioca. Poxa, pelo menos paguem um curso decente de interpretação para essa galerinha que confunde ser celebridade com ser ator. Situações completamente diferentes.

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