terça-feira, 2 de novembro de 2010

Elevador

Um espaço minúsculo. Duas pessoas. E a obrigação de manter conversa. Chegando em casa, chovendo, morrendo de vontade de entrar no apartamento. Como era dois de novembro e os dois haviam perdido pessoas próximas recentemente, o assunto foi inevitável.

Ruim essas datas, né?
A gente acostuma.

Acostumar não é bem a palavra. A gente aprende a conviver com isso.

domingo, 10 de outubro de 2010

Pequenos crimes

Isso é furto, sabia?
Ahn?!?
Isso. Você não pode ir pegando as minhas coisas e levar pra sua casa. Já sumiu o meu casaco, você não devolveu meu livro. Cadê meus CDs?
Você não disse que a gente vai se casar? Futuramente, a casa vai ser uma só e você vai ter suas coisas de volta.
E se a gente não casar?
Aí ficamos quites. Você mentiu e eu furtei.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Crianças dos anos 80

Já estava quase dormindo, misturando realidade e sonho, quando o Alex bate na porta:

- Tá acordada?!? Vamos jogar River Raid?

O quê? Como assim? Atari? Onde?

Foi como se o trajeto do meu quarto para o dele fosse um túnel do tempo. Voltei 20 anos! E reencontrei velhos amigos. Quantas tardes gastas jogando Pac-Man.

Essa dica é para a galerinha nascida no fim dos anos 70, comecinho dos 80 e que curtiu muito jogando Atari.

Ficou com vontade? Acesse aí: http://jogosdeatari.com.br/

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Putz,que vergonha

Foi exatamente isso que eu senti há pouco ao ver a matéria veiculada recentemente pela Sportv sobre o Paraguai. Numa tentativa frustrada de fazer piadinha e ser engraçadinho, o canal caiu no mais puro preconceito. Pior, transpareceu ignorância. Em três minutos e meio, a reportagem faz pouco caso da cultura e das tradições paraguaias, ridiculariza seu povo e faz piada com a economia local. Se você ainda não viu, não perca a oportunidade de assistir no YouTube e sentir vergonha você também.

http://www.youtube.com/watch?v=nHGL8pbFWDk

Sabe aquela mania que brasileiro tem de fazer piada de tudo? Dessa vez não deu certo.

Ao menos o canal reconheceu o erro e se desculpou.

Espero que os paraguaios nos perdoem porque se eles resolverem fazer um vídeo ridicularizando a gente, não vai faltar motivo.

sábado, 12 de junho de 2010

...

Nessa época do ano, a casa já estaria verde e amarela. E junto contigo faria uma verdadeira maratona para ver a maior parte dos jogos. Gritar até ficar rouca e fazer simpatia para secar França e Argentina. A bandeira já estaria na varanda e no carro. E qualquer jogo por menos empolgante que fosse era motivo pra ficar junto rindo. Até os copos da cozinha a gente trocava por outros de plástico nas cores da bandeira.

Era aquela vontade de voltar correndo pra casa e assistir aos jogos ao seu lado, te encher de beijo e de abraços. Comentar cada jogada. Fazer previsões. E depois do jogo, continuar em frente à TV assistindo aos comentários, criticar a falta de noção do Galvão Bueno.

Prometi a mim mesma que curtiria essa Copa intensamente por mim e por você. Mas já me dei conta de que não tem como. Essa tem um gosto diferente. Acabei de descobrir que não eram os jogos os responsáveis por aquela emoção grande sentida dentro de mim a cada quatro anos. Era você pertinho do meu lado que me fazia a mais feliz das criaturas. Te amo e sinto mais sua falta a cada instante!

Pra quem quiser secar a Argentina

Dica para quem quiser secar a Argentina ou qualquer outra equipe nessa Copa do Mundo.

http://www.voodoocopa.com.br/

Confesso que na estreia de hoje da Argentina, comecei torcendo contra e acabei virando a casaca porque os hermanos estavam merecendo mesmo a vitória.

sábado, 5 de junho de 2010

Na minha cadeira ou na tua


No fim de abril, Juliana Carvalho veio a Brasília lançar o “Na minha cadeira ou na tua” lá na livraria Cultura do shopping Casa Park. Eu tive a chance de entrevistá-la ao vivo na rádio. E foi durante a conversa descontraída que eu fiquei com vontade de ler o livro. Vontade que me fez ir ao lançamento naquele mesmo dia da entrevista depois de sair da rádio.

Só pelo título já dá para perceber que apesar de ser uma história de dificuldades e superações, a narrativa de Juliana passa longe de ser algo pesado e triste. Na verdade, é justamente o oposto. Ri à beça lendo o tanto que essa gaúcha aprontou desde pequena e apronta até hoje. Sério, essa mulher precisa até um pouco de juízo!

Ao longo das quase 250 páginas, a autora conta em forma diário trechos mesclados da vida antes e depois da cadeira de rodas. Leitura leve e descontraída. Mas o otimismo e o humor de Juliana são na dose certa. Não tentam enganar o leitor vendendo a ideia de que a vida de um cadeirante é um conto de fadas. As dificuldades estão ali com toda sua intensidade. Mas enquanto grande parte das pessoas sentiria pena de si mesma, a autora faz piada da própria história e segue adiante.

Enfim, fica aí a dica. O livro na Cultura custa R$ 29,90. Diversão garantida.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

“Homicídio doloso”

Há (com H e acento agudo porque é um verbo no sentido de existir) um tempo já que eu tenho ficado assustada com erros de português grotescos cometidos por jornalistas formados.

Acho que a maior parte das pessoas comete um deslize aqui ou ali, mas há erros que são simplesmente imperdoáveis.

Costumo dizer que o que esse pessoal devia responder por “homicídio doloso”, já que estão assassinando a gramática e a ortografia e com a intenção de matar.

Se você acha que exagero, tire as próprias conclusões. Vou contar os milagres, mas poupar os santos.

Abaixo um trecho de uma matéria publicada em um dos sites de notícias mais conhecidos do DF no último fim de semana. Em dois parágrafos, três “atentados terroristas” contra o idioma

“O delegado da 9ª DP disse que não houveram grandes divergências entre os quatro depoimentos. Agora, ele espera encontrar a lancha para realizar a perícia e ouvir as demais testemunhas que estavam na embarcação, inclusive as internadas, para depois fazer a análise geral e conclusões. O prazo para a conclusão das investigações é de 30 dias a partir da data de instauração de inquérito que aconteceu hoje.

Júnior afirmou que pilota a quatro anos, tem a lancha a dois e que costumava fazer passeios no lago com a família e também os passeios noturnos. Ele conheceu as pessoas no churrasco, por meio do amigo, Marcos Paulo, que namora Júlia, que é amiga das demais jovens.”

“Houveram”? “Houveram”? Não me conformo....

E esse “a” solto aí sem razão. Agora “a” é verbo?

Cruz credo!

Mas a repórter acima não é a única que deve responder pelo crime. Há uma verdadeira “quadrilha” empenhada em “exterminar” a nossa língua mãe.

A quantidade de paraliZação escrito dessa forma que aparece em releases que recebo não tem nem como contar.

E o pessoal que está na universidade devia ficar atento. Mandar e-mail pedindo emprego com erros de português do tipo: “já trabalhei em acessoria” é “suicídio profissional”.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Nasceu. É do mundo.

Nesses últimos dias de férias, fiquei de bobeira zapeando a televisão sem nenhum motivo. Só para passar o tempo. Acabei parando na MTV e conheci o tal de “Teen Cribs”. Basicamente, o programa mostra adolescentes que moram em mansões incríveis de tão luxuosas. Só vendo para acreditar.

Em alguns casos, o dinheiro em excesso aliado à falta de noção culmina em um resultado de gosto no mínimo duvidoso. Acabei de assistir a um episódio no qual um adolescente mostrou orgulhoso o banheiro dele com uma privada automática. A tampa se levanta sozinha quando alguém se aproxima e ainda tem um bidê interno para limpar o usuário após a conclusão do trabalho.

Outro episódio mostrou uma mansão que parecia mais um parque de diversões, com direito a quadra de basquete, estábulo com cavalos e pôneis, além de uma piscina em local fechado, mas com teto solar para os dias mais quentes. A dona da casa resumiu o motivo de ter esbanjado tanta grana na residência: “Meu marido e eu não queremos nunca que eles (os filhos) vão embora”. Ao ouvir isso, tive a impressão de que os garotos estão sendo criados dentro de uma redoma.

Não me entenda mal. Deve ser ótimo ter uma casa dessas, com tanto conforto e opções de lazer que a gente nem precisa sair para se divertir. Mas isso não torna desnecessária a experiência “além-muro-da-casinha-do-papai”.

Fiquei imaginado qual é a noção de realidade desses adolescentes. Será que eles já se depararam com um mendigo? Opa! Não vale personagem de cinema nem o morador de rua do jogo GTA que você ganha ponto por atropelá-lo.

Será que os amigos desses jovens gostam deles ou só querem aproveitar a ilha da fantasia onde eles vivem?

E mais. Como é possível ficar maduro sendo protegido pela mamãe e pelo papai 24 horas por dia?

Sei não. Adoro conforto, mas acho que, nesse caso, o excesso é prejudicial à saúde. E para terminar, um recado a mãe que construiu um castelo para não ficar longe dos filhos. Sinto muito, senhora. Não adianta. Um dia, eles vão embora e aí vão ter de se virar sozinhos. E pior, sem nenhuma experiência prévia porque sempre estiveram excessivamente protegidos.

quarta-feira, 17 de março de 2010

“Suri odeia calça jeans”

Estava há pouco visitando sites da internet, tentando me interar dos últimos acontecimentos da política caótica do Distrito Federal, que tem mudado completamente a todo momento. Ao entrar no site da Folha de S.Paulo, li a seguinte manchete: “Suri Cruise odeia calça jeans e usa bolsa de U$ 850”. A reportagem é uma reprodução da revista "US Weekly".

Se você nunca ouviu falar da tal Suri, eu explico. A pequena, de três aninhos, é filhota dos atores norte-americanos Tom Cruise e Katie Holmes. O que nos permite concluir que a coitada nem teve opção de decidir se queria ser celebridade. Nasceu assim.

Agora eu pergunto a você: Qual é o interesse dessa informação? Saber disso não alterou em nada a minha vida. Acho que só tem interesse para modistas infantis que podem enxergar na Suri uma modelo em potencial. Volta e meia eu fico pensando na relevância das informações publicadas em sites, revistas, jornais, TVs e rádios.


No mês passado, vi em um telejornal a transmissão de parte de uma entrevista coletiva do jogador de Golf Tiger Woods. No pronunciamento transmitido mundialmente, o golfista reuniu a imprensa para pedir desculpas à esposa por uma “pulada de cerca”. Depois que a traição ganhou espaço na imprensa, o atleta que já liderou o ranking mundial simplesmente deixou o esporte.

Por que veicular um pronunciamento em que o entrevistado pede desculpas por adultério? Se a entrevista ainda fosse para informar que ele iria parar de jogar. Mas isso ele já tinha feito. Na minha humilde opinião, a infidelidade matrimonial é assunto exclusivo dele e da dona do chifre. Que os dois se resolvam, sozinhos. Afinal, quando se casou, ele prometeu fidelidade a ela, não a mim. Se ele tivesse faltado um treino por causa dos casos fora do casamento, vá lá. Isso poderia ter algum interesse para o mundo do esporte.

Como eu sou democrática, respeito quem acha a notícia relevante. Mas eu não acho. E se você ficou preocupado com o Tiger Woods, relaxa. Ele volta a jogar no próximo mês. Agora, se ele e a dona patroa estão juntos ainda, realmente eu não sei e não me interessa. Se ficou curioso, “dê um Google”aí. Ele deve saber.