Decidi exercer meu papel de editora fora do trabalho. O que na minha humilde opinião não tem qualidade é jogado fora na mesma hora, seja na TV, no rádio, na internet ou em conversa de bar ou salão de beleza.
Se o humorista de inteligência rasa faz piada com estupro forçando graça em uma situação terrível é simples, não assisto mais ao programa do qual ele faz parte (o que cá entre nós já não faço há um bom tempo), não compro ingresso para assistir à apresentação dele no teatro e evito até comprar revista ou jornal nos quais ele apareça.
É mais rápido do que cobrar de pessoas como essa uma resposta. É também mais eficiente. Uma boa forma de punir um egocêntrico é fingir que ele não existe.
Trocar ideias sobre assuntos variados sem qualquer compromisso literário ou informativo. Portanto, se você procura literatura ou notícias atualizadas, melhor ler outra coisa.
domingo, 12 de junho de 2011
quinta-feira, 28 de abril de 2011
“Nada a ver conosco”
A Gazeta do Povo entrevistou um filósofo para tentar entender por que o casamento do filho da Lady Di despertou tanto interesse. Eu vou além do filósofo. Acho que não é só o povo que busca se esquecer num conto de fadas, a imprensa também contribuiu muito com essa "encheção de saco".
Abaixo a entrevista na íntegra:
“Nada a ver conosco”
Eduardo Oyakawa, professor de Filosofia da Escola Superior de Propagada e Marketing (ESPM), de São Paulo
Publicado em 17/04/2011 | Danilo Almeida, especial para a Gazeta do Povo
Fale conoscoRSSImprimirEnviar por emailReceba notícias pelo celularReceba boletinsAumentar letraDiminuir letraTamanha atenção com um evento distante – pessoal e geograficamente – pode ser uma fuga da dura realidade do cotidiano. O professor Eduardo Oyakawa explicou à Gazeta do Povo os motivos.
Por que o casamento real britânico desperta tamanho interesse?
Saiba mais
Em um conto de fadasVivemos em uma cultura das celebridades, fazemos um enorme esforço para estar sob os holofotes o tempo inteiro. Logo, um casamento desse porte é um momento magnífico para que nós reparemos no vestido da noiva, no anel dela, em tudo o que cercará os noivos. Parece que nós cortamos o cotidiano, o tédio, o comum que caracteriza o dia a dia para entrarmos num mundo encantado.
Em busca de quê?
Ficamos fantasiando uma vida absolutamente etérea, perfeita: no caso do príncipe, são dois jovens muito bonitos, dinheiro certamente não será problema, há muito glamour. Então saímos do cotidiano e projetamos, por uma fração de segundo, de maneira fantasiosa, um mundo epifânico, metafísico. Nós, meros mortais telespectadores.
É um escape da nossa vida comum, então?
Sem dúvida. Por um momento nos espelhamos em alguma coisa aparentemente perfeita, irretocável, e nos preocupamos com qual será o vestido da noiva, quem serão os convidados, qual será o menu servido. Diretamente, isso não tem nada a ver conosco.
Mas assistir a isso pode nos dar algum prazer.
Isso é recorrente na história da humanidade. Nós precisamos de frestas, de janelas para nos projetarmos em outro tempo que não o nosso, que é algo rotineiro e comum demais.
Há problemas em se entregar a essa fantasia?
Temos paradigmas muito altos para os nossos próprios relacionamentos. Nós queremos nos parecer cada vez mais com um príncipe, e esse príncipe merece ter uma princesa. O dia da noiva é aquela coisa: limusines, fraques. Claro que estamos mimetizando, de alguma maneira, um momento encantado, que é o nosso próprio casamento. É o lugar em que nós somos o príncipe, de fato, para depois imediatamente cairmos no sacrilégio do dia a dia. Se é possível manter o glamour do casamento com a burocracia do cotidiano, essa é uma questão para poucos.
O casamento ainda é tão forte assim?
Especialmente na Inglaterra. Quem acompanha um pouco o ethos britânico sabe o quanto os ingleses são devotos da realeza: a rainha é um ícone inquestionável. Quem vê de fora pode ter um olhar de exotismo, mas também é encantadora aquela celebração, como se o casamento fosse alguma coisa eterna mesmo, como se o casal vivesse num reino encantado, cercado de serviçais, e a única ocupação deles fosse escolher o cavalo para a equitação do dia. A gente tem um pouquinho de inveja disso, eu acho.
E qual o significado político desse casamento?
A Inglaterra tem sofrido muito em matéria econômica nos últimos anos. O país precisa urgentemente de modernizações, mas os ingleses, em seu hábito, são bastante conservadores. A briga política inglesa sempre se dá nesse patamar: entre uma modernização – num viés americano das relações sociais – e a tradição muito forte daquele que já foi um império muito poderoso. O significado do casamento real é que, ainda que haja a modernização inglesa, as instituições devem ser compreendidas sob um olhar muito conservador. Essa ambiguidade caracteriza o povo inglês no século 21, ainda.
Abaixo a entrevista na íntegra:
“Nada a ver conosco”
Eduardo Oyakawa, professor de Filosofia da Escola Superior de Propagada e Marketing (ESPM), de São Paulo
Publicado em 17/04/2011 | Danilo Almeida, especial para a Gazeta do Povo
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Por que o casamento real britânico desperta tamanho interesse?
Saiba mais
Em um conto de fadasVivemos em uma cultura das celebridades, fazemos um enorme esforço para estar sob os holofotes o tempo inteiro. Logo, um casamento desse porte é um momento magnífico para que nós reparemos no vestido da noiva, no anel dela, em tudo o que cercará os noivos. Parece que nós cortamos o cotidiano, o tédio, o comum que caracteriza o dia a dia para entrarmos num mundo encantado.
Em busca de quê?
Ficamos fantasiando uma vida absolutamente etérea, perfeita: no caso do príncipe, são dois jovens muito bonitos, dinheiro certamente não será problema, há muito glamour. Então saímos do cotidiano e projetamos, por uma fração de segundo, de maneira fantasiosa, um mundo epifânico, metafísico. Nós, meros mortais telespectadores.
É um escape da nossa vida comum, então?
Sem dúvida. Por um momento nos espelhamos em alguma coisa aparentemente perfeita, irretocável, e nos preocupamos com qual será o vestido da noiva, quem serão os convidados, qual será o menu servido. Diretamente, isso não tem nada a ver conosco.
Mas assistir a isso pode nos dar algum prazer.
Isso é recorrente na história da humanidade. Nós precisamos de frestas, de janelas para nos projetarmos em outro tempo que não o nosso, que é algo rotineiro e comum demais.
Há problemas em se entregar a essa fantasia?
Temos paradigmas muito altos para os nossos próprios relacionamentos. Nós queremos nos parecer cada vez mais com um príncipe, e esse príncipe merece ter uma princesa. O dia da noiva é aquela coisa: limusines, fraques. Claro que estamos mimetizando, de alguma maneira, um momento encantado, que é o nosso próprio casamento. É o lugar em que nós somos o príncipe, de fato, para depois imediatamente cairmos no sacrilégio do dia a dia. Se é possível manter o glamour do casamento com a burocracia do cotidiano, essa é uma questão para poucos.
O casamento ainda é tão forte assim?
Especialmente na Inglaterra. Quem acompanha um pouco o ethos britânico sabe o quanto os ingleses são devotos da realeza: a rainha é um ícone inquestionável. Quem vê de fora pode ter um olhar de exotismo, mas também é encantadora aquela celebração, como se o casamento fosse alguma coisa eterna mesmo, como se o casal vivesse num reino encantado, cercado de serviçais, e a única ocupação deles fosse escolher o cavalo para a equitação do dia. A gente tem um pouquinho de inveja disso, eu acho.
E qual o significado político desse casamento?
A Inglaterra tem sofrido muito em matéria econômica nos últimos anos. O país precisa urgentemente de modernizações, mas os ingleses, em seu hábito, são bastante conservadores. A briga política inglesa sempre se dá nesse patamar: entre uma modernização – num viés americano das relações sociais – e a tradição muito forte daquele que já foi um império muito poderoso. O significado do casamento real é que, ainda que haja a modernização inglesa, as instituições devem ser compreendidas sob um olhar muito conservador. Essa ambiguidade caracteriza o povo inglês no século 21, ainda.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
O que você estará fazendo?
Opa, calma aí. Antes de você criticar o gerundismo acima, saiba que existe um motivo.
Correndo como quase sempre, tentando aproveitar qualquer minutinho que apareça, um dia desses abri minha agenda para anotar uns compromissos e, quando a caneta já riscava o papel, percebi que estava no dia errado: 18/12/2011.
Em vez de simplesmente voltar uns bons meses e abrir na página certa, a mente começou a viajar. “O que será que eu estarei fazendo nesse dia?”
Bem, em 18 de dezembro faltará uma semana para o Natal. Sinceramente, espero estar fazendo as compras da ceia de fim de ano, contando os dias para buscar meu irmão no aeroporto e já planejando a próxima viagem de férias.
E você? O que espera estar fazendo daqui a oito meses?
Correndo como quase sempre, tentando aproveitar qualquer minutinho que apareça, um dia desses abri minha agenda para anotar uns compromissos e, quando a caneta já riscava o papel, percebi que estava no dia errado: 18/12/2011.
Em vez de simplesmente voltar uns bons meses e abrir na página certa, a mente começou a viajar. “O que será que eu estarei fazendo nesse dia?”
Bem, em 18 de dezembro faltará uma semana para o Natal. Sinceramente, espero estar fazendo as compras da ceia de fim de ano, contando os dias para buscar meu irmão no aeroporto e já planejando a próxima viagem de férias.
E você? O que espera estar fazendo daqui a oito meses?
terça-feira, 19 de abril de 2011
"Não há silêncio que não termine"
Passei as 553 páginas de Não há silêncio que não termine pensando e não entendendo como foi possível ficar mais de seis anos refém das Farc no meio da selva colombiana sem enlouquecer.
São quase sete anos expulsa do convívio da família, da própria individualidade sem poder sequer decidir a hora de ir ao banheiro e com a angústia da incerteza de não saber quando estaria livre se é que conseguiria se livrar.
A leitura é ótima. Não é uma narrativa crua e pesada. É um diário, ainda que não seja escrito nesse formato. A franco-colombiana Ingrid Betancourt narra o que sentiu durante todo esse período sem se censurar, sem buscar a imparcialidade.
O final todo mundo já sabe. Mas descobrir como ela soube que a liberdade enfim chegou é emocionante.
Agora me pego vez ou outra pensando: Enquanto estou aqui dirigindo, indo ao trabalho, ou correndo na esteira, ou comendo meu prato preferido, várias pessoas estão lá no meio da selva vivendo todos os dias o mesmo dia.
domingo, 17 de abril de 2011
Vai se f....!
Um maluco entra em uma escola armado como um terrorista e mata mais de dez crianças no Rio de Janeiro.
Na semana seguinte em Brasília, um advogado atira em um coronel depois de os dois trocarem socos porque um furou a fila para entrar no elevador.
Na mesma semana, em Taguatinga (DF), um homem morre a caminho da padaria depois de apanhar com uma chave de fenda de um cara casado com a mulher que ele havia xingado momentos antes.
Que saudade do tempo em que um momento de fúria ficava só no vai se f...!
Na semana seguinte em Brasília, um advogado atira em um coronel depois de os dois trocarem socos porque um furou a fila para entrar no elevador.
Na mesma semana, em Taguatinga (DF), um homem morre a caminho da padaria depois de apanhar com uma chave de fenda de um cara casado com a mulher que ele havia xingado momentos antes.
Que saudade do tempo em que um momento de fúria ficava só no vai se f...!
domingo, 3 de abril de 2011
Três, “trêis” ou “treix”?
Estava assistindo à novela das oito um dia desses. Em uma cena qualquer, o playboyzinho carioca está conversando com uma garota que segundo o enredo nasceu em Porto Alegre.
Ela não tem sotaque algum de gaúcha. Tudo bem, para fingir mal, melhor não fazer. O sotaque do Rio Grande é marcante, entrega na hora de onde a pessoa vem. O problema é que a atriz que deveria interpretar uma gaúcha tem sotaque carioca.
Mas a situação fica ainda pior...
O garoto com aquele sotaque bem forte do Rio, com “erres” marcantes e “esses” chiados solta no diálogo algo do tipo: Acho que aqui no Rio não temos sotaque porque há muita gente de todas as partes do mundo aqui.
O quê? Quem mora no Rio não tem sotaque?!? Por favor...
Todo mundo tem sotaque. Não há como não ter.
E se você mora em Brasília e pensou neste instante que a gente não fala diferente, pode parar e pensar duas vezes.
Como você fala o algarismo 3?
Falamos “trêis”, assim como falamos “arroiz”.
Adoro sotaque. Ele revela sobre a vida de quem fala antes mesmo de a pessoa dizer algo sobre si. No caso da novela, revela até a ignorância de quem não consegue perceber a diversidade do lugar onde vive.
Ela não tem sotaque algum de gaúcha. Tudo bem, para fingir mal, melhor não fazer. O sotaque do Rio Grande é marcante, entrega na hora de onde a pessoa vem. O problema é que a atriz que deveria interpretar uma gaúcha tem sotaque carioca.
Mas a situação fica ainda pior...
O garoto com aquele sotaque bem forte do Rio, com “erres” marcantes e “esses” chiados solta no diálogo algo do tipo: Acho que aqui no Rio não temos sotaque porque há muita gente de todas as partes do mundo aqui.
O quê? Quem mora no Rio não tem sotaque?!? Por favor...
Todo mundo tem sotaque. Não há como não ter.
E se você mora em Brasília e pensou neste instante que a gente não fala diferente, pode parar e pensar duas vezes.
Como você fala o algarismo 3?
Falamos “trêis”, assim como falamos “arroiz”.
Adoro sotaque. Ele revela sobre a vida de quem fala antes mesmo de a pessoa dizer algo sobre si. No caso da novela, revela até a ignorância de quem não consegue perceber a diversidade do lugar onde vive.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Sonhando ser offline
- IPhone... Blackberry...Tenho um celular novo com uma câmera maravilhosa. Tem esse aqui também, olha, que é praticamente um computador de bolso. E no seu plano sai por um preço bem em conta. Ah, esse aqui tem GPS.
- (...)
- Você não parece muito empolgada com o que eu te mostrei. Por que não me fala o que você procura?
- Tem algum que não insista em tocar trazendo assunto de trabalho nos meus fins de semana ou feriados?
- (...)
- Você não parece muito empolgada com o que eu te mostrei. Por que não me fala o que você procura?
- Tem algum que não insista em tocar trazendo assunto de trabalho nos meus fins de semana ou feriados?
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